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Uma exposição feita por uma artista mulher para falar de todas as mulheres. Eugênia França apresenta a violência doméstica em um conjunto grande de pinturas.
Afinal, a condição feminina e a violência que ela suporta gritam o tempo todo por todos os cantos da vida, mas ainda há os que insistem em fazer ouvidos mocos. Em pleno século 21, a mulher ainda sofre violências públicas e privadas de toda ordem. Mas é na violência doméstica, na vida privada, que este mal se prolifera sorrateiramente, escondido entre paredes e aparências, deixando corpos e almas profundamente machucados.
Em todas as classes sociais, em relações diversas e em culturas distintas, a violência contra a mulher persiste no tempo e teve um aumento exponencial durante o período de isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 em 2020. No momento em que precisamos nos proteger e buscar abrigo, muitas mulheres estão sujeitas a inseguranças físicas e emocionais.
Em Nome das Rosas traz a expressão desta realidade em centenas de rostos para não nos esquecermos das individualidades perdidas na reiteração da violência. As faces da violência precisam ser expostas e a percepção indigesta do quão somos violentos como sociedade é necessária para que nos tratemos coletivamente, para que não deixemos impunes aqueles que atacam e para que acolhamos com generosidade aqueles que sofrem.
Esta mostra compõe o Ciclo 19/20, que teve início em novembro de 2019, percorrendo todo o ano de 2020, ainda que com calendários alterados pela crise sanitária que se instalou. A seleção foi definida por uma comissão externa formada pelo artista visual Binho Barreto, o curador e designer Marconi Drummond e a professora da Escola de Arquitetura da UFMG e curadora Renata Marquez em edital de seleção pública para ocupação da Galeria de Arte BDMG.
Das 98 propostas inscritas, o grande denominador comum foi a reflexão sobre o tempo presente e todos seus desafios pulsantes. Relações com a natureza, com a diferença, com a cidade, com as imagens e com a materialidade do mundo – tudo isso como objeto das propostas artísticas.
Talvez Em Nome das Rosas seja a mais dolorosa de todas elas. E, por isso, convidamos a todos a refletir, a se solidarizar, a acolher e a não se abster do que, no mundo de hoje, não há como não ver.
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Os acontecimentos políticos da última década escancararam um lado obscuro e obtuso, até então ocultado, de nossa sociedade. Paulatinamente transformamos em hábito quase que cotidiano a agressão, a incapacidade de conviver com a diferença e a intolerância com o outro, atitudes que passaram a marcar as relações, tanto nas redes sociais quanto na vida real. Isso ocorre ao mesmo tempo em que a maior pandemia do último século assola o país e o mundo, obrigando a população a obedecer a uma força maior, invisível, que não escolhe suas vítimas. Há quase três meses do início do distanciamento social imposto por essa força que muitos teimam em negligenciar, esse lado já não tão oculto de nossa sociedade se escancara nos números da violência doméstica que crescem vertiginosamente. Números altos, números absurdos, números amedrontadores, que teimam em continuar crescendo e que, ao mesmo tempo, não comovem e não são capazes de gerar mais que notas de repúdio, ou sonoros: ‘isso é um absurdo!’, ‘quem é capaz de uma atitude como essa?’. Naturalizamos essa violência a ponto de transforma-la em mais uma dentre as várias com as quais temos que lidar diariamente. Números não contam histórias, números não personificam e materializam a violência, números são códigos que figuram em mais um gráfico que esquecemos com a próxima notícia.
O que Eugênia França faz nesta exposição é dar vida aos números, é transformar uma pequena parcela dessas mulheres em matéria, em narrativa, em retrato dessa violência. Faces deformadas, machucadas, muitas vezes inconformadas. Essa dor une diferentes tipos físicos, várias idades, o que transforma a exposição em um todo bastante uniforme, em que os traços da diferença aparecem nos detalhes. Pintadas sobre lonas de caminhão, as faces mostram, em um segundo plano, as marcas do longo uso das lonas, muitas vezes remendadas, que são como as cicatrizes que marcam as vidas de cada uma delas. Ao marcar a lona com vários tons de preto, Eugênia dá às pinturas uma delicadeza que, em um primeiro momento, parece não combinar com o assunto, mas que diz muito das histórias de cada uma dessas mulheres e funciona como uma espécie de camada material que transforma o luto em imagem. O título da exposição aponta para a dimensão contraditória dessas histórias, as quais não se resumem à dor, são, muitas vezes, histórias de amor, de superação, de empoderamento. Por meio das pinturas, expostas uma ao lado da outra, os números adquirem a dimensão dura e amedrontadora que os gráficos são incapazes de corporificar. Eugênia dá corpo aos números da violência, dá visibilidade às mulheres que pintou. Nesse momento singular da história do Brasil, ela exige que não naturalizemos essa violência.
Nascida em Pato de Minas, Eugênia França é formada em Artes Plásticas pela Escola Guignard da UEMG. Teve exposições individuais em espaços como MAM Resende (RJ), MAB – Museu de Arte de Blumenau, Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul e Pinacoteca Universitária de Maceió. Além de participação em mostras coletivas em Brasília e BH. Fez residência artística na Arts Unfold (Toronto). É autora do livro Nós Outros e Eu Mesma – Transformar o barro em cerâmica expressiva para refletir sobre as relações humanas na sociedade contemporânea (2016).
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Presidente
Gabriela Moulin
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Diretora Financeira
Clarissa Perna
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Coordenador Artes Visuais
Érico Grossi
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Coordenadora Acervo
Larissa D'arc
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Comunicação
Paulo Proença
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Identidade Visual
Rafael Amato
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Texto Curatorial
Rachel Cecília de Oliveira
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Vídeos
Lucas Morais e Júlia Pires Lage
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Fotografia
Miguel Aun
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Web Design
Estúdio Guayabo
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Desenvolvimento Web
João Füzessy
Este site foi publicado em tempos de pandemia da Covid-19 que acometeu o mundo em 2020. Como consequência, as agendas de exposições na Galeria de Arte BDMG ficaram comprometidas.
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